Dimensionamento de Fios e Cabos e dicas de Elétrica Residencial

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Aqui no blog já falamos sobre a importância de diversos produtos para instalações elétricas, sejam elas residenciais ou comerciais, como os disjuntores e os dispositivos de proteção de surto.

Hoje falaremos sobre como dimensionar corretamente fios e cabos para instalações elétricas, o que diz a NBR 5410 sobre altura de tomadas, e porquê devemos sempre optar por realizar um projeto elétrico com um eletricista capacitado. Boa leitura!

DIMENSIONAMENTO DE FIOS E CABOS

Calcular a corrente que cada fio ou cabo deve suportar é essencial para o dimensionamento correto da seção dos condutores. Porém a NBR 5410 estipula critérios que devem ser considerados ao dimensionar um condutor, por exemplo a seção mínima de cabos para instalações em diferentes circuitos, conforme a tabela abaixo:

Circuito Seção mínima do condutor (mm²)
Iluminação 1,5
Força 2,5
Sinalização e controle 0,5

Ou seja, ao definir um mínimo, a norma diz que não se pode utilizar cabos com seções menores que estas em instalações.

A NBR 5410 possui algumas tabelas que devem ser seguidas como parâmetro para definir a seção dos fios, de acordo com tipos de condutor, isolação e temperatura ambiente. Para realizar a consulta da seção correta do cabo, precisamos de informações como a corrente do circuito, número de condutores, número de circuitos que passam pelo mesmo eletroduto e, por fim, o tipo de instalação, referenciado na tabela 33 da norma.

Considerando que os tipos de cabos mais comuns de instalações residenciais são os feitos em cobre com isolação em PVC, abaixo colocamos a tabela 36 da norma, que define a seção dos cabos de acordo com as seguintes definições:

Tabela  36 —  Capacidades  de  condução  de  corrente,  em  ampères,  para  os  métodos  de  referência A1, A2, B1, B2, C e D

  • Condutores: cobre e alumínio
  • Isolação: PVC
  • Temperatura no condutor: 70°C
  • Temperaturas de referência do ambiente: 30°C (ar), 20°C (solo)
Tabela 36 da NBR 5410 para capacidade de corrente de fios e cabos

Porém o dimensionamento não acaba aqui. Assim, conseguimos achar a seção do cabo para aquela instalação, mas como citamos antes, precisamos saber quantos circuitos passarão pelo eletroduto, e é aí que entra outra tabela que devemos consultar.

Abaixo, vemos a tabela 42, que aborda os fatores de correção aplicáveis a condutores agrupados em feixe (em linhas abertas ou fechadas) e a condutores agrupados num mesmo plano, em camada única:

Tabela 42 da NBR 5410 que define o fator de correção de corrente de fios e cabos

EXEMPLO

Para facilitar o entendimento, podemos simular um cálculo simples, utilizando as informações que citamos acima. Para este exemplo iremos considerar os seguintes dados:

  • Corrente do circuito dimensionado: 20A
  • Cabo: condutor de cobre, 3 vias, com isolação PVC
  • Método: B1 (eletroduto embutido em alvenaria)
  • Quantidade de circuitos no mesmo eletroduto: 2

Analisando a coluna B1 da tabela 36, vemos que não existe a medida 20A, dessa forma, devemos selecionar sempre o próximo número superior a ela. Dessa forma, temos a indicação de uso do cabo de 2,5mm².

Sempre selecionamos o próximo valor superior a corrente do circuito dimensionado.

Porém não terminamos o cálculo nesse momento. Temos ainda temos que considerar a quantidade de cabos no mesmo eletroduto, utilizando o fator de correção da tabela 42. Sabendo que teremos dois circuitos passando pelo mesmo eletroduto, que estará embutido em uma parede, devemos considerar a linha de referência 1 da tabela 42, o que nos dá um fator de correção de 0,8.

A forma para conferir se a seção do fio está correta é a seguinte: Iz = Ic x Fc

Onde Iz é o valor de corrente de condução corrigida, Ic é o valor encontrado na tabela 36, e Fc é o fator de correção definido na tabela 42.

Nesse caso então teremos a seguinte equação:

Iz = 21 x 0,8

Iz = 16,8A

Como nosso circuito foi dimensionado para uma corrente de 20A, e Iz ficou abaixo deste valor, vemos que o cabo 2,5mm² não condiz com a necessidade do projeto. Portanto devemos voltar até a tabela 36 e selecionar o próximo valor mais alto de corrente. Como nossa primeira análise sugeriu o cabo de 2,5mm² para a corrente de 21A, nesse novo caso devemos utilizar a corrente de 28A, com cabo de 4mm².

Em casos que o fator de correção fique abaixo do estipulado, escolhemos o próximo valor maior.

Refazendo o cálculo de correção, agora temos a seguinte situação:

Iz = 28 x 0,8

Iz = 22,4A

Portanto o cabo ideal para este nosso projeto com corrente de 20A é o cabo de 4,00mm². Utilizando este cabo teremos a garantia de uma segurança maior para o projeto, evitando um aquecimento dos cabos que se transformará em aumento do consumo de energia e a longo prazo em um derretimento da isolação, o que poderá causar curto-circuitos e até incêndios.

ALTURA DAS TOMADAS E INTERRUPTORES

No Brasil existe uma recomendação da ABNT e normalizada pela NBR 5410 que define padrões de altura para a instalação de tomadas e interruptores.

Estão definidas na norma três alturas diferentes:

  • Tomadas altas: 2,00m a 2,25m acima do piso
  • Tomadas médias: 1,20m a 1,30m acima do piso
  • Tomadas baixas: 0,30cm acima do piso

Para aferir a altura de cada conjunto, devemos sempre considerar o meio da peça para a realização da medida. Existe também uma outra recomendação, que serve mais como guia para auxiliar a planejar sua instalação, onde a ABNT sugere a instalação de uma tomada a cada 3,5m de parede.

Porém, para um melhor resultado, devemos levar em conta a necessidade que teremos em cada ambiente, considerando todos os equipamentos elétricos que estarão instalados ou serão usados ali. Assim evitamos o uso de muitos equipamentos ligados à uma mesma tomada, diminuindo o risco de uma sobrecarga, por exemplo.

PROJETO ELÉTRICO

Indispensável em qualquer construção, o projeto elétrico é a sua garantia de que tudo o que está sendo feito foi planejado antes, com cálculos precisos e que garantirão o bom funcionamento da instalação. Afinal de contas o prejuízo que uma instalação mal planejada pode causar é muito maior.

Segurança e qualidade de serviço você só terá com um eletricista capacitado e um bom projeto.

O projeto garante economia de tempo e dinheiro, já que com tudo planejado de acordo com as especificações e necessidades do cliente, a chance de uma parada da obra devido à falta de materiais é reduzida. Da mesma forma a sobra de produtos, que geraram custos e dificilmente serão utilizados pelo cliente é evitada.

Além da economia de custos, a segurança que um projeto oferece é outro grande diferencial. Com a especificação correta de fios e cabos, os riscos de uma sobrecarga de rede diminuem, evitando que o disjuntor seja desarmado ou que possa ocorrer aquecimento dos fios que podem se transformar em um problema muito maior.

CONCLUSÃO

Quando for realizar uma instalação elétrica, chame sempre um profissional capacitado. A segurança e garantia de um bom serviço realizado por ele será sempre superior à economia daquele “faz tudo” que você conhece. Afinal de contas contratar um eletricista para consertar os erros causados pelo outro se tornará mais caro do que confiar naqueles que estudam e se capacitam nesta área tão importante do nosso dia a dia.

16 comentários em “Dimensionamento de Fios e Cabos e dicas de Elétrica Residencial

  1. André Vítor Monteiro Responder

    Olá…
    Eu tava olhando a Norna NBR 5410 e notei que o “método” A1 é o que fala “embutido em alvenaria” e não Método: B1 (eletroduto embutido em alvenaria).
    Gostaria de saber qual é realmente o correto quando se tem o eletroduto flexível (conduite) embutido na parede.
    E qual o motivo ou se foi um erro.

    Desde já agradeço.

    • Ramoel Autor do postResponder

      Tudo bem André? Revisei a NBR 5410 e o que consta nela é o seguinte.

      O método A1 diz:

      “Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto de seção circular embutido em parede termicamente isolante

      E define uma parede termicamente isolante da seguinte maneira:
      “Assume-se que a face interna da parede apresenta uma condutância térmica não inferior a 10 W/m2.K”

      Já o método B1 (entre outras definições) cita:

      “Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto de seção circular embutido em alvenaria

      Sobre os conduítes, a Norma cita especificamente apenas a necessidade de instalação em eletrodutos flexíveis para casos que possuam influência de vibração, no demais eles estão englobados no termo “eletroduto”.

      Qualquer outra dúvida, pode entrar em contato com a gente!

  2. elton Responder

    BOA NOITE,CASA MODELO STELL LIGHT FRAME devo considerar parede termicamente isolante?pelo fato de ser isolado com lã de vidro e ser termica!! CONSIDERAR (A1) da tabela

    • Ramoel Autor do postResponder

      Olá Elton, tudo bem?

      Perfeito! Em casas construídas em steel frame devemos considerar sim a parede como termicamente isolante, exatamente pelos motivos que você falou. Ela possui o revestimento térmico em lã de vidro, o que enquadra ela na categoria A1 da tabela da NBR 5410.

      Se tiver outra dúvida ou uma sugestão de conteúdo pra nós, só entrar em contato!
      Abraço.

  3. Jeferson luis Friedrich Responder

    Otima explicação…..parabéns, mas tem um detalhe em relação a o comprimento dos condutores para que não tenha muita perca.

  4. EDUARDO SANTOS LIRA Responder

    Sabe-se que o diâmetro do cobre é de 2,72mm nos cabos de 6,0mm2,qual é a tolerância para este diâmetro,(2,72mm)?

  5. Isaque Brasileiro Responder

    Uma duvida , cabo PP de 3 vias por exemplo , deveria se enquadrar na coluna B2 e singelos na B1 , correto?

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    Muito boa explicação, onde consigo acesso a essas planilhas do excel?

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